O ministro do Interior italiano e vice-Primeiro-Ministro, Matteo Salvini, criticou a procuradoria de Agrigento, na Sicília, por permitir o desembarque na ilha de italiana de Lampedusa de todos os migrantes a bordo do navio humanitário Sea-Watch 3 da organização não-governamental Sea Watch, referem vários meios e comunicação. As críticas terão sido feitas num programa televisivo no último Domingo na sequência da apreensão do navio pelas autoridades sicilianas.
A procuradoria de Agrigento, apesar de ter apreendido o navio, autorizou o desembarque dos 65 migrantes resgatados pelo navio no Mediterrâneo na última semana. Relativamente a 18 deles, que envolviam indivíduos doentes e famílias com filhos pequenos, refere o Expresso, Salvini concedera autorização de desembarque. Mas apenas a estes. Todavia, contra a vontade de Matteo Salvini, as autoridades sicilianas permitiram o desembarque de todos os migrantes.
A questão está a gerar mal-estar no Governo de Roma, depois de Salvini ter sugerido que alguém abrira o porto aos migrantes, no que parece ter sido uma alusão ao ministro Transportes e Infra-estruturas, Danilo Toninelli, do Movimento 5 Estrelas (M5S), que governa Itália em coligação com o partido de Salvini, a Liga Norte. Uma alusão que já terá merecido crítica de Luigi di Maio, o líder do M5S, que não aceita a acusação.
Recorde-se que os migrantes foram resgatados no dia 15 de Maio, a 30 milhas náuticas da costa líbia. Como o navio era grande demais para entrar em Lampedusa, os migrantes foram transportados para terra pela polícia italiana. Isto depois de mais de dois dias de impasse e de o capitão do navio, Arturo Centore, ter admitido que entraria no porto por iniciativa própria e de alguns migrantes a bordo terem ameaçado atirar-se ao mar e nadar até terra.
Quanto ao navio, foi ordenado que rumasse a Licata, na Sícilia, onde estará confiscado preventivamente. Um confisco com tanto de previsível como de humilhante, segundo Philipp Hahn, Chefe de Missão do Sea-Watch 3, que considera que a sua organização não infringiu qualquer lei. Entretanto, o capitão do navio estará a ser investigado por alegado auxílio à imigração ilegal.
Segundo a Sea-Watch, citada na imprensa internacional, as Nações Unidas terão instado por carta o Governo de Roma a reverter uma orientação de Matteo Salvini, alegando que “as operações de busca e salvamento destinadas a salvar vodas no mar não podem representar uma violação da legislação nacional sobre controlo de fronteiras ou imigração irregular, dado que o direito à vida deve prevalecer sobre legislação nacional ou europeia, acordos bilaterais ou memorandos de entendimento”.
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